Em apresentações gratuitas, “Parto Pavilhão” apresenta as últimas sessões do thriller protagonizado por Aysha Nascimento e dirigido por Naruna Costa, que traduz fatos do encarceramento feminino em narrativa focada na fuga de mães presas com bebês de colo. A peça fica em cartaz até dia 17 de março no Tusp, onde haverá rodas de conversa após as sessões dos 9 e 16 – ambas no sábado.
Por meio da autoria de Jhonny Salaberg, “Parto Pavilhão” transforma mais um fato episódico da realidade carcerária do país em uma dramaturgia onde o foco narrativo é a mulher por trás do plano de fuga. “É um espetáculo que mergulha na perspectiva feminina através de um recorte que transita entre o documento e a ficção através do realismo fantástico”, disse Salaberg.
Para reforçar a temática do espetáculo, duas rodas de conversa no Tusp serão mediadas por artistas pretas, notadamente conhecidas por sua atuação nos teatros. Em 9 de março, a conversa será conduzido pela multiartista Bárbara Querino, 26 anos, que trará a importância do debate sobre a solidão da mulher preta encarcerada: sua situação, seus direitos e necessidades. Já no dia 16 de março, será a vencedora em 2020 no Festival de Gramado por sua atuação em Receita de Carangueijo, Preta Ferreira, que disse ter como missão “transformar o mundo, para o desenvolvimento cultural e econômico, a partir de pequenos grupos, com promoção da paz e justiça social”
Para construir a história de “Parto Pavilhão”, Salaberg afirma ter utilizado como referência o conceito de Leveza, do romancista Ítalo Calvino (1923-1985). O conceito, ele diz, funciona como uma ferramenta criativa. A Leveza do autor italiano cumpre a função de ressignificar temáticas e notícias densas em narrativas leves.
“O que ele [Ítalo Calvino] defende é que a leveza não está só no lugar fantasiado. Ela é uma estratégia e uma mudança de perspectiva”, afirma Jhonny, que buscou voltar seu olhar para o corpo da mulher negra em “Parto Pavilhão”.
Interpretada por Aysha Nascimento, Rose é uma mulher que se vale da dissimulação com os agentes penitenciários para garantir acesso nos interiores da prisão e arquitetar a fuga. A atriz diz ter conhecido a personagem durante o processo de escrita do espetáculo. Entretanto, ela conta, Rose foi ganhando novas camadas.
“Foi muito importante o mergulho que a gente fez na Rose. Ela não representa mulheres presas e não é uma representação. Ela é um indivíduo, uma personagem inteira”, disse. Naruna, por sua vez, compartilha da mesma definição e conduz, em “Parto Pavilhão”, uma imersão na subjetividade da personagem única mulher.
Sinopse
Rose, detenta de uma penitenciária feminina para mães e ex-técnica de enfermagem, ajuda as mulheres nos partos, nos cuidados com os filhos e a suportar o peso dos dias dentro das celas. Foi mãe dentro da penitenciária e conhece o cotidiano e os segredos desse labirinto. Aos poucos ganha a confiança de todo o pavilhão e da diretora do presídio, com quem tricota roupinhas de lã para os bebês quase todas as tardes. Tudo muda quando, durante um jogo da seleção brasileira, ela pega um molho de chaves em uma gaveta aberta.
Serviço
“Parto Pavilhão”
Temporada de 22 de Fevereiro à 17 de Março
Quinta à Sábado às 21h | Domingo às 20h
Sessões extras aos sábados: 2, 9 e 16 de Março às 18h
Apresentações Gratuitas
Duração: 60 minutos | Capacidade: 50 lugares
Classificação indicativa: 14 anos
TUSP – TEATRO DA USP
R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque
FICHA TÉCNICA
Idealização e Dramaturgia: Jhonny Salaberg
Direção: Naruna Costa
Atuação: Aysha Nascimento
Musicista em cena: Reblack
Direção musical e Composições: Giovani Di Ganzá
Preparação corporal e coreografia: Malu Avelar
Cenografia e Figurino: Ouroboros Produções Artísticas – Carolina Gracindo, Thais Dias e Iolanda Costa
Desenho de luz: Gabriele Souza
Operação de luz: Beatriz Nauali
Sonoplastia e operação de som: Tomé de Souza
Identidade visual: Sato do Brasil
Fotos: Jagun Filmes
Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira
Produção executiva: Washington Gabriel
Produção jurídica: Corpo Rastreado