O MAC USP tem o prazer de convidar para a conversa aberta ao público, no dia 2 de março de 2024, às 11h, entre o artista Daniel Senise e o fotógrafo e curador Eduardo Brandão. A conversa será em meio à exposição “Biógrafo”, panorâmica da produção de Daniel Senise entre 1992 e 2022, com aproximadamente quarenta trabalhos de grande formato, que ocupam dois espaços no anexo do MAC USP. Carioca, residente em São Paulo, um dos grandes artistas brasileiros e um dos expoentes da Geração 80, Daniel Senise celebra quarenta anos de trajetória. A exposição, com curadoria de Helouise Costa e Marta Bogéa, ficará em cartaz até o dia 10 de março de 2024.
“Quase infinito” (1992), em óxido de ferro e esmalte sintético sobre cretone, recebe o público na entrada, e a partir dali o público percorre os processos desenvolvidos por Daniel Senise desde então, quando passou a mostrar suas experiências com monotipias em chãos de hospitais, de seu próprio ateliê, de locais abandonados e depois em espaços de arte, em vários países.
Daniel tem um acervo de monotipias que fez ao longo do tempo, em diferentes lugares. Em seu intrincado e meticuloso processo, que começa por cobrir o chão com um grande tecido revestido por um preparado de cola, ele recria um determinado local com recortes de outras monotipias feitas, transformando o que era chão em espaço com perspectiva, provocando um jogo fascinante e muitas vezes misterioso para o olhar. “Eu penso em como posso fazer alguma coisa e depois misturo tudo. Não sou muito bom em respeitar limites. Monumentalidade feita sobre poeira”, diz
Amigo de Daniel Senise desde 1987, Eduardo Brandão conta que fotografava obras de arte, “e daí veio nossa amizade”. “Sempre usei a ferramenta das técnicas e da história do campo da fotografia para entender o trabalho do Daniel”, diz. “Ver esta ligação entre as dinâmicas da fotografia, o glossário, as diferentes técnicas, a reflexão e o fazer fotográfico – o fato de o pai dele gostar de fotografia – muito do que foi pensado em fotografia e arte nos anos 1970, e de como a obra do Daniel é porosa a isso, foram elementos que me aproximaram muito de seu trabalho”.
Ele adianta que vai abordar na conversa com o artista o fato de que “suas imagens fotográficas são muito menos de paisagem e mais sobre o próprio ato de fotografar: medidas, uso das réguas, de lugares simples, de pedaços do lugar, a realidade mágica”. “A influência que ele recebe da fotografia como vocabulário, e de como isso reverbera em sua pintura, em sua colagem, é uma forma de conversa entre nós”, destaca.