Teatro

'Parto Pavilhão' reconta a fuga de mães com bebês de colo em presídio feminino do Butantã

Sob direção de Naruna Costa, atriz Aysha Nascimento protagoniza solo escrito por Jhonny Salaberg

Modelo

Isabella Ribeiro

21/02/2024 15:48

ded

Fonte: Foto: Jagun Filmes / Edu Luz

Teatro

Em temporada gratuita, o espetáculo "Parto Pavilhão" estreia no próximo dia 22 de fevereiro e fica em cartaz até 17 de março, no TUSP. As sessões ocorrem de quinta à sábado, às 21h; e domingos, às 20h. Com direção de Naruna Costa e texto de Jhonny Salaberg, a peça reconta a fuga de nove detentas com bebês de colo no CPP Feminino do Butantã, em 2009. Trata-se de um solo cuja montagem encerra a “Trilogia da Fuga” - que anteriormente levou aos palcos “Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã” (2018) e “Mato Cheio” (2019).


Em “Parto Pavilhão”, Jhonny Salaberg transforma mais um fato episódico da realidade carcerária do país na dramaturgia onde o foco narrativo é a história da Rose, uma das detentas. "É um espetáculo que mergulha na perspectiva feminina através de um recorte que transita entre o documento e a ficção através do realismo fantástico", disse Salaberg, autor e ator do aclamado espetáculo “Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã” (2018) o segundo da trilogia, que rendeu a Naruna Costa o APCA de Melhor Direção, indicado também a Melhor Dramaturgia para Jhonny Salaberg.




Para construir a história de “Parto Pavilhão”, Salaberg afirma ter utilizado como referência o conceito de Leveza, do romancista Ítalo Calvino (1923-1985). O conceito, ele diz, funciona como uma ferramenta criativa. A Leveza do autor italiano cumpre a função de ressignificar temáticas e notícias densas em narrativas leves.


"O que ele [Ítalo Calvino] defende é que a leveza não está só no lugar fantasiado. Ela é uma estratégia e uma mudança de perspectiva", afirma Jhonny, que buscou voltar seu olhar para o corpo da mulher negra em “Parto Pavilhão”.


Interpretada por Aysha Nascimento, Rose é a ex-técnica de enfermagem que se vale da dissimulação com os agentes penitenciários para garantir acesso nos interiores da prisão e arquitetar a fuga. A atriz diz ter conhecido a personagem durante o processo de escrita do espetáculo. Entretanto, ela conta, Rose foi ganhando novas camadas.


"Foi muito importante o mergulho que a gente fez na Rose. Ela não representa mulheres presas e não é uma representação. Ela é um indivíduo, uma personagem inteira", disse. Naruna, por sua vez, compartilha da mesma definição e conduz, em “Parto Pavilhão”, uma imersão na subjetividade da personagem única mulher.



Vencedora do Prêmio APCA e Aplauso Brasil de Melhor Direção, também por “Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã”, a diretora explica: “O ‘Parto Pavilhão’ é um convite ao útero da questão desse tipo de encarceramento: o das mães. É sim um retrato da realidade, mas não se trata de uma foto panorâmica. É close-up. Um convite a chegar perto da identidade de uma mulher que, ainda que seja um número para o sistema, é uma”.


À cargo da trilha sonora, a musicista Reblack acompanha e ambienta a história de Rose do palco: com violoncelo em punho, a celista conta a trama sonora por meio de melodias dramáticas, em diálogo com a atriz. E, sob a iluminação de Gabriele Souza, a montagem prima por apresentar uma construção poética, mostrando ora uma estética solitária, ora um lugar de aconchego.


Contudo, "Parto Pavilhão" é uma obra que carrega cinco anos de escrita dentro dos oito anos de pesquisa da Trilogia da Fuga, tendo outras duas montagens sobre o corpo negro em fuga ao longo do tempo passado e contemporâneo. Em "Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã" (2018), a fuga é localizada na contemporaneidade e em "Mato Cheio" (2019), ela esteve no passado colonial.


Por isso a importância de Rose no fechamento desta trilogia e no futuro desses bebês. "Ela é a chave que fecha a trilogia e abre a possibilidade de futuro", disse o autor.


Serviço

"Parto Pavilhão"

Temporada de 22 de Fevereiro à 17 de Março

Quinta à Sábado às 21h | Domingo às 20h

Sessões extras aos sábados: 2, 9 e 16 de Março às 18h

Apresentações Gratuitas

Duração: 60 minutos | Capacidade: 50 lugares

Classificação indicativa: 14 anos


TUSP - TEATRO DA USP

R. Maria Antônia, 294 - Vila Buarque

Telefone: (11) 3123-5222

www.usp.br/tusp



FICHA TÉCNICA

Idealização e Dramaturgia: Jhonny Salaberg

Direção: Naruna Costa

Atuação: Aysha Nascimento

Musicista em cena: Reblack

Direção musical e Composições: Giovani Di Ganzá

Preparação corporal: Malu Avelar

Cenografia e Figurino: Ouroboros Produções Artísticas - Carol Gracindo, Thais Dias e Io Costa

Desenho de luz: Gabriele Souza

Operação de luz: Beatriz Nauali

Sonoplastia e operação de som: Tomé de Souza

Identidade visual: Sato do Brasil

Fotos: Jagun Filmes

Assessoria de Imprensa: Rafael Ferro e Pedro Madeira

Produção executiva: Washington Gabriel

Produção jurídica: Corpo Rastreado

MAIS NOTÍCIAS